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          Cresci lembrando da minha mãe em casa, ela me conta que chegou a trabalhar, mas eu era muito pequena e sinceramente não lembro dela longe de casa. Tenho as lembranças de uma infância simples, com a minha mãe inventando o que podia para alegrar a casa. Uma boa infância.

Aos 7 anos ela voltou a trabalhar e estudar, passava o dia todo fora e nos fins de semana tinha os estágios para cumprir e as obrigações da casa para fazer, nessa época morávamos com os meus avós, novamente uma vida muito simples, sem luxos, mas com muita brincadeira de mangueira, bolinhos de lama e joelhos ralados por cair da árvore, no asfalto grosso e por aí vai, Cresci moleca e cresci ingenua, até tinha vontades, mas olhando hoje para essas lembranças tão gostosas vejo que nem faziam falta! Não tinha a boneca da moda, as panelinhas da moda, enfim , nada que praticamente anunciava na tv.

Nos mudamos para uma casa só nossa quando eu tinha 9 anos, ficava um tempinho sozinha, esperando a minha mãe chegar do trabalho, usava esse tempo para o que a imaginação permitir (cabana embaixo da mesa da sala, uma excursão a caverna do beliche e por aí vai)… A vida começava a melhorar financeiramente, eram dois trabalhando em casa e não só um.

Hoje, sendo mãe de uma bebezinha que ainda está dentro de mim, fico pensando no meu antigo desejo de não trabalhar depois que ela nascesse, mas e a minha condição financeira  o que será melhor para um filho, uma mãe 24h que pode estar exausta, cansada e frustrada por não ter dinheiro? Ou uma mãe em partes do dia, mas um pouco mais tranquila por ter condições de alguns luxos, saudades e uma grande vontade de ficar com o pequena?

Percebo hoje em dia um grande julgamento por parte de muitas mulheres, atualmente a pergunta que mais ouço é : que tipo de parto escolheste… cesária né?! E quando respondo : \” Não, o parto ainda é o normal, cesária se precisar\” já vejo um grande olhar de reprovação; ?! Desde quando o normal virou anormal???? E quando perguntam e ai vai trabalhar até quando ? São outras caretas para a reposta até quando conseguir e assim por diante para cada pergunta. TE julgam se continuará a trabalhar depois e se não trabalhar… mas porque não põe na creche, afinal todo mundo faz isso.

As mulheres julgam demais, principalmente as mães julgam demais as novas mães, não deixam brechas para os erros e acertos que cada uma merece passar ( Digo merece porque ainda acredito que tantos os erros como os acertos fazem parte do aprendizado da mãe e da criança), formulas fechadas nunca funcionam.Será que elas não percebem que fazendo justamente isso, perpetuam um ciclo que deveria ser extinguido?

Não sei se a Alice terá uma mãe que trabalha fora, ou se ela terá a mãe por um tempinho em casa curtindo, a unica coisa que eu sei é que a Alice terá uma mãe que irá aprender a educar a sua filha, atraves das tentativas e erros, sempre buscando o que pensa ser melhor para a criação dela, dentro dos valores e ideais que desejamos pra nossa familia.

Com tanta coisa chata que aconteceu comigo durante a minha gravidez, sei que a Alice está ganhando uma mãe mais forte, mais madura e que desconfia mais, deseja muito mais também e se antes eu já nao gostava de palpitar sobre a vida alheia depois de tudo o que aconteceu, gosto ainda menos!

* Essa reflexão veio no dia 08 de março, enquanto estava de cama, cheia de mal estar e dores pela gripe filha da mãe que me derrubou. Pensei nessas datas comemorativas, vi uma frase muito legal tambem : não adianta das flores se no dia a dia você não lava a louça! Não adianta um dia só por ano fazer algo, quando ainda sobram tantos outros para serem vividos no ano. Sou mulher, sou profissional, dona de casa, filha , esposa, irmã, neta, prima, prestes a desempenhar um papel de peso \”MÃE\”, cidadã e muitos outros que desempenho no decorrer do dia, muitos estão misturados , outros são realizados sozinhos, mas somente um deles não pode me definir.

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